
A quantidade de leite produzida por tonelada de matéria seca constitui um indicador crucial para avaliar a eficiência da performance dos híbridos de milho utilizados na produção de silagem no contexto brasileiro. A silagem, que é um recurso alimentar estratégico, desempenha papel fundamental na criação de rebanhos destinados ao corte, sendo amplamente empregada em diversas modalidades de sistemas de criação. As principais áreas de produção de silagem de milho estão localizadas nas regiões Sul e Sudeste do país.
Continue a leitura deste artigo para mais informações sobre o que é silagem como faz, para que serve e como ter uma silagem de qualidade.
O que é silagem e para que serve?
A silagem é um alimento derivado do processamento de plantas ou grãos, sendo empregado na nutrição de bovinos com destaque para o milho como a opção predominante no fornecimento de volumoso. Esse procedimento engloba a preservação dos nutrientes por meio de fermentação anaeróbica, ou seja, ocorrendo na ausência de oxigênio.
A silagem de milho é uma forma eficaz de armazenar e fornecer alimento para animais durante todo o ano com elevada qualidade nutricional, proporcionando ao pecuarista excelentes índices zootécnicos. Ela ajuda a suprir as necessidades dos animais, facilitando o planejamento das propriedades. Isso é especialmente importante para a produção de carne e leite, pois contribui para manter bom desempenho do negócio ao longo do tempo.
Dessa forma, a silagem é uma técnica valiosa na produção pecuária, permitindo a conservação e o uso eficiente de forragens ao longo do ano, além de desempenhar um papel crucial na alimentação de animais de criação, promovendo a saúde e o crescimento adequado.
Como é que se faz silagem?
Existem diversas modalidades aplicadas para a confecção de silagem de milho em que diferentes partes da planta são utilizadas. A modalidade de silagem utilizada deve ser escolhida em função da necessidade e dos objetivos de cada pecuária, pois os níveis nutricionais/bromatológicos do alimento irão variar em função da parte da planta a ser ensilada.
Atualmente, a modalidade mais utilizada de silagem no Brasil é a silagem de planta inteira. Confira mais informações sobre algumas modalidades de silagem aplicáveis:
- Silagem de planta inteira: é a forma de silagem mais utilizada e consiste em cortar a planta inteira (20 ou 60 cm acima do solo), através de ensiladeiras para posterior compactação e vedação do silo.
- Toplage: nesta modalidade, a planta é cortada na base da espiga, ou seja, a silagem é confeccionada com a parte superior da planta, oportunizando menor quantidade de fibras e maior digestibilidade e energia em relação a silagem de planta inteira.
- Snaplage: é a silagem obtida dos grãos, juntamente com o sabugo. Nesta modalidade, é removida a palha e a planta e é necessário adaptação da colhedora.
- Earlage: é a silagem obtida dos grãos juntamente com o sabugo e a palha, sem o processamento da planta. Vale ressaltar que nesta modalidade é complexo manter o tamanho adequado das partículas, pois ocorrem dois processos simultâneos, demandando cuidado extra com a regulagem do equipamento de colheita.
- Grãos úmidos: nesta modalidade, é utilizado somente os grãos do milho processados, obtendo elevado valor energético com excelente qualidade bromatológica. Vale ressaltar que, embora seja possível obter um excelente alimento, o pecuarista renuncia à grande parte do volume de forragem disponível.
O que é a Análise Bromatológica?
A análise bromatológica engloba aspectos como composição química, valor nutricional, conteúdo energético e a interação de composição do alimento com o animal que o consome. Além disso, é uma ferramenta fundamental na nutrição de rebanhos de alto desempenho.
Conheça alguns parâmetros bromatológicos essenciais que podem exercer impacto significativo tanto no consumo quanto na qualidade do alimento:
A Matéria Seca (MS) é o peso total da silagem com desconto de toda a umidade e engloba todos os nutrientes, incluindo carboidratos, minerais e proteínas. É a porção remanescente após a eliminação da umidade do material. A faixa ideal situa-se entre 33% e 38%, momento em que tanto a planta quanto os grãos atingem sua máxima performance nutricional, apresentando a umidade apropriada para uma fermentação de qualidade.
O amido é um indicador sólido da qualidade da silagem, estando intimamente ligado à produção de grãos e à eficiência na obtenção de energia da silagem. No contexto da alimentação de bovinos leiteiros e de corte, o milho desempenha papel crucial como fonte de amido, frequentemente figurando como o componente energético principal nos concentrados. O amido oferece disponibilidade energética superior à dos carboidratos estruturais presentes nas dietas dos ruminantes. O intervalo ideal para o teor de amido na silagem varia entre 30% e 40%.
Outro indicador é a Fibra Detergente Neutro (FDN) representa a parcela fibrosa de um alimento destinado a ruminantes, indicando a presença de componentes da parede celular na silagem. Híbridos de milho de elevada performance a serem utilizados na alimentação animal devem possuir FDN menor ou igual a 50%. Essa fração é predominantemente composta por celulose, hemicelulose, pectina, lignina e proteína danificada pelo calor, além de minerais (cinzas). Desempenha papel na restrição da quantidade consumida pelo animal, sendo que quanto maior for a FDN menor será o potencial de consumo dos ruminantes, por isso o indicador está diretamente relacionado com a ingestão de silagem: à medida que a porcentagem de FDN aumenta, a ingestão de silagem pelos animais tende a diminuir.
A FDA é uma subdivisão da FDN e engloba a porção da parede celular que não é passível de digestão, composta por celulose e lignina. A lignina representa a parcela indigestível da planta: à medida que o conteúdo de FDA aumenta, a qualidade e a digestibilidade da silagem tendem a diminuir. Esse indicador está estreitamente relacionado com a digestibilidade da silagem. A proporção ideal situa-se abaixo de 30%.
A Digestibilidade da Fibra em Detergente Neutro (DFDN) da silagem nos permite estimativas mais precisas de Nutrientes Digestíveis Totais (NDT), energia líquida (EL), e potencial de consumo de Matéria Seca (MS), tornando o balanceamento da dieta mais preciso, e a produção de leite pela vaca, por exemplo, mais previsível. No Brasil, têm sido crescentes as recomendações técnicas para que a escolha do híbrido de milho para silagem tenha como base a digestibilidade da fração FDN e os valores ótimos da DFDN estão entre 55% e 60%.
Em relação ao quilo leite por tonelada de matéria seca, refere-se a estimativa da quantidade de quilo leite produzido por tonelada de matéria seca ingerida. O índice é amplamente usado na tomada de decisão na pecuária durante a escolha do híbrido de milho a ser utilizada para silagem. Na análise bromatológica, quanto maior for o valor desse parâmetro, maior será seu potencial de conversão de matéria seca ingerida em quilo de leite.
Com o parâmetro do quilo leite por hectare, é possível identificar materiais que possuem alta produtividade de matéria seca associada ao alto potencial de conversão em quilo leite. Este índice auxilia o produtor de silagem a selecionar híbridos de milho que tornem seu negócio mais rentável, produzindo mais matéria seca na mesma área ou ocupando menor área de cultivo.
Nutrientes Digestíveis Totais (NDT) determina a medida total da energia contida em uma silagem. Envolve um cálculo para estimar a quantidade de energia presente no alimento, a qual será posteriormente convertida em produção de leite ou carne. O valor ideal deve exceder a 60%. Está diretamente associado à produtividade de grãos de milho e à digestibilidade da FDN. Quanto maior o NDT, maior a quantidade de energia - ou seja, quanto mais elevado, melhor.
Como ter uma silagem de alta qualidade para o gado?
Para produzir um alimento com alto teor nutricional para os animais é necessário seguir princípios básicos, que vão desde a escolha dos híbridos até ao processo de ensilagem. Confira 6 recomendações importantes:
1. Escolha híbridos adaptados para região e indicados para silagem, que tenham boa relação de produção de grãos e quantidade de massa verde digestível.
2. Ensile o milho com teor de matéria seca adequado, preferencialmente entre 33 e 38%.
3. Tenha estratégia para quebra dos grãos. Faça o processamento adequado dos grãos com a devida ruptura do pericarpo.
4. Aumente a frequência do afiamento das facas e diminua a distância nas colhedoras tradicionais e utilize equipamento cracker em colhedoras autopropelidas. Mantenha os equipamentos de colheita com boa manutenção e regulagens adequadas ao correto processamento da forragem.
5. Cultive o milho sob boas práticas agronômicas respeitando o posicionamento dos materiais para sua região.
6. Armazene o alimento de forma adequada com boa compactação e vedação do silo promovendo um ambiente sem a presença de oxigênio, adequado para transformação da forragem em silagem onde as bactérias ácido láticas possam atuar plenamente.
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